Mil
quilômetros de extensão. Altitude de 2.440 metros. Volume de chuvas que
não chega a 35 milímetros por ano. Temperaturas que vão de -10 a 40
graus em um mesmo dia. Um solo tão impermeável que lembra o do planeta
Marte.
As características naturais do Deserto do Atacama são tão extremas
quanto fascinantes. É a região mais árida do mundo, localizada no norte
do Chile, em uma área entre o Oceano Pacífico e as Cordilheiras dos
Andes.
Não é à toa, portanto, que o Deserto do Atacama figura no consciente
de todo bom viajante como um destino dos sonhos. Suas paisagens desafiam
o entendimento humano de tão espetaculares. Então, sempre que possível,
estenda seu roteiro pelo deserto o máximo que puder – sempre haverá o
que ver e fazer por lá.
Um atração, porém, é onipresente no Atacama: o Licancabur, vulcão
cônico de 5.916 metros de altura que separa o Chile e a Bolívia, sempre
visível entre as rochas gigantes que cercam a região. Se o espírito
aventureiro permitir, vale até desbravar a lagoa localizada em seu cume,
por meio de uma intensa escalada de oito horas pela Bolívia.
Mas para começar a explorar o Deserto do Atacama, tudo parte do
pequeno povoado em São Pedro de Atacama, na província de El Loa.
Localidade, aliás, que não possui aeroporto – portanto é preciso voar
até a vizinha Calama e contratar um transfer. Assim, vale pesquisar sua passagem de Santiago para Calama com antecedência.
E outra dica: deixe para fechar os passeios ao chegar na cidade, vendo
in loco
as opções e conversando com as agências de turismo. Entre as mais
conhecidas estão Grado 10, Ayllu Expediciones, Desert Adventure e Flavia
Bia Expediciones.
São Pedro de Atacama
A cidadezinha de menos de 2 mil habitantes ainda guarda costumes dos
povos pré-incaicos. San Pedro de Atacama é marcada por ruas estreitas de
terra e casas com telhados de palha e, apesar de ser hoje uma das mais
visitadas no Chile, mantém ainda um clima pacato.
A Calle Caracoles é a rua principal da cidade. Lá estão os
restaurantes, lojas, mercados, pousadas e agências de turismo. Apesar de
ser um lugar rústico, a cidade tem boa infraestrutura para o turismo.
Nada de resorts de luxo, claro, mas encontrar uma boa pousada em São Pedro do Atacama não será problema.
Entre os atrativos para visitar, estão o Solmáforo – espécie de
semáforo que mede o grau dos raios ultravioletas – e o Museu
Arqueológico Gustavo Le Paige, com acervo arqueológico de objetos
encontrados na região do Atacama.
Vale da Lua e Vale da Morte
Um dos tours mais populares, o
Vale da Lua (Valle de
la Luna) é ideal para estrear no Atacama. Fica a 19 km de San Pedro, e é
declarado Santuário da Natureza e Monumento Natural.
A paisagem do vale é absolutamente inóspita, com formações rochosas
desenhadas pelos ventos e erosão, que formam esculturas e paredões
sensacionais. A sensação é mesmo de estar em outro planeta.
No mesmo passeio, pode-se visitar o gigantesco
Vale da Morte (Valle
de la Muerte). Com cerca de 2 km de extensão, possui terreno arenoso e
montanhoso, com belas esculturas naturais. Uma prática bastante
disputada por lá é o sandboard pelas dunas.
Salar de Atacama
Na região de Antofagasta, a 55 km ao sul de San Pedro, fica o deserto
de sal conhecido como Salar de Atacama. São cerca de 100 km de
comprimento, cercado por montanhas.
Um dos destaques da região é a
Laguna Cejar, a 2.450
metros de altura. A concentração de sal e lítio é tão grande que o
nível de flutuação da lagoa é considerada superior a do Mar Morto. Ou
seja, o principal programa por lá é…boiar!
Outro motivo para não esquecer do traje de banho são os poços naturais
Ojos del Salar, com águas límpidas e fundas.
O espelho d’água formado pela
Laguna Tebinquinche
também vai garantir fotos espetaculares, especialmente durante o por do
sol. O sal deixa tudo branquinho e a paisagem incrível completa-se com o
contorno do vulcão e das montanhas.
Dica: como existem muitos cristais de sal no chão, a melhor coisa é
calçar uma sandália, que também vai facilitar na hora de molhar os pés.
Lagunas Altiplânicas
As chamadas Lagunas Altiplânicas ficam dentro da Reserva Nacional Los
Flamencos e possuem paisagens deslumbrantes, cercadas por vulcões de
picos nevados. Isso tudo no meio do deserto e a a mais de 4 mil metros
de altitude.
As mais famosas são a
Laguna Miscanti e a
Laguna Miñiques.
No inverno, a temperatura de suas águas podem chegar a 30 graus
negativos, e a superfície congela. Na região, é comum também ver animais
como as vicunhas, típicos das grandes altitudes dos Andes.
Salar de Tara
Visitar o Salar de Tara pode ser um dos passeios mais longos no
Deserto do Atacama e que vale um dia inteiro dedicado a ele. De
preferência nos últimos dias da sua estadia, já que ele fica em uma das
áreas mais elevadas do Atacama – pode chegar a 4.400 metros de altitude.
Aliás, durante esse passeio, a primeira parada geralmente é para tomar
um chá de coca, para combater o “soroche”, o famoso mal-estar que muitos
sentem.
O passeio é feito essencialmente em trilhas ou diretamente na areia.
Entre as paradas para visitação estão a Laguna Diamante, as gigantescas
formações rochosas de
Monjes de la Pacana e das
Catedrales de Tara, e mais da área que compõe a Reserva Nacional Los Flamencos.
Gêiseres del Tatio
Eis um dos passeios mais famosos mas também mais frios do Atacama. Para visitar os
Gêiseres del Tatio, é preciso acordar cedo e estar equipado para suportar as temperaturas que frequentemente caem abaixo de zero.
Os gêiseres são nascentes de águas termais que entram em erupção
devido às altas temperaturas das rochas e lavas vulcânicas, expelindo um
jato e vapor de água que pode chegar até 80 metros.
O motivo para acordar cedo? Todos os dias, por volta de meia-noite,
as águas termais começam a ferver e se preparar para serem expelidas até
cerca de 10h do dia seguinte. Por isso, os tours aos Geysers del Tatio
costumam acontecer bem cedo, por volta das 5h ou 6h, para apreciar o
fenômeno em seu ápice.
É possível chegar bem perto dos gêiseres ver a água borbulhando e
fazer belas fotos. E também, claro, não dá para deixar de tomar um banho
na piscina termal.
Pukará de Quitor
Quem curte sítios arqueológicos, pode aproveitar a viagem para visitar
Pukará de Quitor,
uma fortaleza pré-colombiana, localizada a três quilômetros de São
Pedro de Atacama. Proclamado monumento nacional em 1982, o forte data do
século 12 e foi erguido pelo povo atacamenho como forma de se defender
de possíveis invasões de grupos incas. As ruínas da fortaleza realmente
impressionam e um pequeno museu no local explica um pouco da história
local, através de painéis explicativos. Para complementar, uma vista
sensacional desde os mirantes.