terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Uma dica de leitura, pra quem esta buscando coragem para visitar a Índia.

Lian em Varanasi (foto: divulgação)
Lian em Varanasi (foto: divulgação)

Tem alguns lugares do planeta que não são para todos. São lugares difíceis até mesmo para os mochileiros mais desapegados. Porque são diferentes de tudo o que, principalmente nós, ocidentais, estamos acostumados: há pobreza, há muita gente, há sujeira, há barulho e há uma impressão de caos reinando sobre tudo isso.
Quem consegue visitar, explorar e absorver esses lugares são as pessoas mais abertas, mais desprendidas e mais amorosas que existem do lado de cá do meridiano (e um pedacinho do lado de lá, também). Só quando a gente se desamarra dos preconceitos e das outras visões limitadas, é que a gente consegue enxergar tais lugares difíceis com os olhos de um local. E entender e absorver tudo aquilo.
Um desses lugares é a Índia.
E uma dessas pessoas é a Lian Tai.
A Lian, que já havia estado na Índia em 2013, voltou ao país em 2015 para morar em Varanasi, e depois fez uma viagem ao Nepal. Foram três meses de experiências com o frio, as pessoas que pedem o tempo inteiro, os restaurantes e suas dosas (um tipo de panqueca) e lassis (um tipo de iogurte com vários sabores), os gurus que aparecem e somem como fantasmas, os ghats (as escadarias do Ganges, onde são realizados funerais)… Tudo isso foi poeticamente documentado no livro “Crônicas de Varanasi”, da Chiado Editora.
Quando eu digo que ela usa poesia nas suas crônicas, eu não estou exagerando. Um trechinho:
“Este é o lugar onde bichos e homens se equivalem, em sua selvageria e delicadeza. Quando faz frio, há sempre um fogo que reúne todos: homens, vacas, cães e cabras. E como hoje fazia sol, estavam todos espalhados, apreciando o pouquinho de calor que nos era ofertado. As vacas são sagradas, mas apanham para sair do caminho. Os cachorros levam chutes, mas recebem carícias. As cabras vestem roupas, para sofrerem menos com o frio. E os homens enrolam-se em panos. E é essa a delicadeza sutil dessa gente: um modo de empurrar uns aos outros, de gritar uns com os outros, de proteger uns aos outros. Um modo de equivalência entre todos os seres, dentro de nossa miséria.”

Se você precisa de inspiração e de força para visitar a Índia, ou se já sente-se preparado e está programando a sua viagem, ou se simplesmente adora ler diários de viagem que vão no sentido contrário da egotrip, te pegam pela mão e te levam junto, leia.
A Lian lançou seu livro este ano. Confira, e aproveite a dica:

13051631_619784961507859_1886347141190283185_n
Fonte: Blog Mochila Pride

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Conheça alguém que curta viajar como você