Quem chega por vias aéreas na capital
argentina não sabe, mas os 3.300 quilômetros que separam São Paulo e
Buenos Aires guardam atrações capazes de fazer viajantes trocar a
rapidez dos aviões pela beleza de um dos roteiros rodoviários mais
cenográficos do Brasil.
Nesta viagem, em que o “estar” vale mais do que “chegar”, a estrada é
protagonista e o cenário são serras escondidas, vales profundos, navios
naufragados e cidades históricas.
Conheça roteiro para ir de carro, entre São Paulo e Buenos Aires:
SÃO PAULO
A viagem começa na rodovia Régis Bittencourt (BR 116), mas o trecho
paulista dessa viagem até a capital da Argentina conta com poucas
atrações que mereçam uma parada mais demorada.
Localizada a 194 km de São Paulo, a cidade de Registro marca a metade
da viagem até Curitiba e serve como parada para descanso ou para uma
primeira refeição.
PARANÁ
Estrada da Graciosa

Vista da Estrada da Graciosa, no Paraná (foto: Eduardo Vessoni)
Com quase 30 km de extensão, a PR-410 começou a ser construída em
1854 como caminho colonial e, atualmente, cruza uma das áreas de Mata
Atlântica em melhor estado de preservação em todo o Brasil.
Suas curvas sinuosas ainda abrigam alguns trechos de paralelepípedos,
por isso tire o pé do acelerador e aproveite para visitar um dos
mirantes com vista panorâmica da Serra do Mar. Destaque para os
quiosques que vendem a famosa coxinha de aipim, ao longo do caminho.
Morretes

Vista do rio Nhundiaquara, em Morretes, no Paraná (foto: Eduardo Vessoni)
A 380 km de São Paulo, essa cidade histórica do Paraná é uma das mais
antigas do estado e surpreende pelo bem conservado casario colonial
erguido às margens do rio Nhundiaquara.
Programe-se para chegar próximo ao horário do almoço. Dê uma volta
pelo centro histórico e prove o regional ‘barreado’, prato de origem
cabocla em que a carne é cozida em panela de barro vedada com farinha de
mandioca por mais de 12 horas.
Situado entre a capital paranaense e o litoral, esse destino abriga
também atrações para amantes do turismo de aventura como cachoeiras,
bosques, lagos como a Cascatinha (a 5 km de Morretes e formado pelas
águas do rio Marumbi), picos para prática de montanhismo (como o Pico
Marumbi, montanha a 1.539 metros de altitude) e trilhas como as dos
saltos dos Macacos e o do Redondo, quedas de até 70 metros que formam
piscinas naturais e têm acesso por trilhas de três horas que saem de
Engenheiro Lange e Porto de Cima.
Balsa Guaratuba

Região da travessia, entre Paraná e Santa Catarina (foto: Eduardo Vessoni)
A balsa entre o balneário de Caiobá e Guaratuba serve de transporte do Paraná para Santa Catarina pela baía de Guaratuba.
Embora seja 24 horas, o serviço é melhor aproveitado antes do
entardecer, quando a região assiste a um dos mais belos finais de tarde
daqueles estados.
O motorista deve seguir pelas estradas PR- 410 e PR-227 no sentido
Paranaguá. Do outro lado, deve-se seguir pela PR-412 em direção a Garuva
e de lá até Florianópolis pela BR-101. A distância até a capital de
Santa Catarina é de 200 km.
SANTA CATARINA

Casario de Ribeirão da Ilha (foto: Eduardo Vessoni)
Florianópolis está a 330 km de Morretes e é a primeira parada em uma grande cidade em todo o roteiro.
Mas o agito da capital catarinense combina pouco com o espírito
off road
dessa viagem até Buenos Aires. Por isso, evite excessos nessa noite e
aproveite a infraestrutura da cidade catarinense para fazer eventuais
abastecimentos de combustível e de comida.
Urubici
Vales profundos, montanhas recortadas por estradas estreitas e um dos
climas mais frios do Brasil recebem os viajantes em uma das paradas
mais cenográficas de todo o roteiro.
Localizada a 165 km de Florianópolis, a região ficou conhecida pelos
17,8° negativos registrados, em 1996. Mas esse destino da Serra
Catarinense é famoso também como o ‘ponto habitado mais alto do Brasil’ e
abriga o impressionante Morro da Igreja, no Parque Nacional de São
Joaquim, onde fica a curiosa Pedra Furada, uma rocha com uma fenda
central de 30 metros de diâmetro.

Morro da Igreja e Pedra Furada, na Serra Catarinense (foto: Otávio Nogueira/Flickr-Creative Commons)
A região tem também a Serra do Corvo Branco, uma sequência de
montanhas que fazem divisa com o município de Grão-Pará. Esse atrativo a
27 km de Urubici está a 1.150 metros de altitude e possui a maior fenda
em uma rocha arenítica de todo o Brasil, com um corte de 90 metros de
altura.
Apenas motoristas experientes devem encarar suas vertiginosas curvas,
por isso deixe o carro em um estacionamento localizado na entrada da
atração e vá a pé em direção ao zigue zague de curvas da estrada que
segue a cidades próximas.
Serra do Rio do Rastro

Vista da Serra do Rio do Rastro (foto: Otávio Nogueira/Flickr-Creative Commons)
Mais uma vez a estrada é protagonista.
Comece a impressionante descida de 73 km a partir de Urubici pelas
SC-430 e SC-438. Antes de se lançar nas curvas da SC-438, faça uma
parada no Mirante da Serra para observar do alto a estrada que risca
aquelas montanhas em direção ao nível do mar.
A parada final desse dia é em Torres, no extremo norte do litoral do Rio Grande do Sul e a 170 km distância.
RIO GRANDE DO SUL
Torres

Praia vista de uma das torres naturais do destino (foto: Valdiney Pimenta/Flickr-Creative Commons)
A boa estrutura da cidade pode ajudar o motorista a recarregar as energias em mais uma noite de parada.
O destino abriga os famosos paredões rochosos que recortam as praias
locais e a única ilha do Brasil a contar com uma colônia de lobos
marinhos, uma reserva ecológica conhecida como Ilha dos Lobos.
Parque Eólico de Osório

Parque Eólico de Osório, no Rio Grande do Sul (foto: Eduardo Vessoni)
O maior parque fornecedor de energia do gênero de todo o continente
possui um mirante na Estrada da Capivara, a dois quilômetros de Osório, e
rende boas fotos de suas torres gigantes de 98 metros de altura.
Localizado a 90 km de Torres, pela BR 101, o atrativo realiza visitas guiadas gratuitas que podem ser agendadas pelo site .
Rumo a Buenos Aires
O corpo já dá sinais de cansaço, mas o espírito aventureiro ainda
encontra tempo para seguir mais alguns quilômetros adiante, quase na
fronteira com o vizinho Uruguai.
O motorista deve seguir até Mostardas, a 150 km de Osório (pelos 40
km da BR 101 até Capivari do Sul e mais 120 km até Mostardas). Dali,
siga pela BR 101 até São José do Norte, a 155 km.

Setor de travessia, entre São José do Norte e Rio Grande, no Rio Grande do Sul (foto: Eduardo Vessoni)
Neste dia, é realizada outra travessia de balsa, entre São José do
Norte e Rio Grande. Programe sua passagem de acordo com os poucos
horários em que o serviço é oferecido. O casario colonial de São José pode ser um bom passeio para quem chega adiantado para pegar a balsa.
Balneário do Cassino
Rio Grande é porta de entrada para este balneário de 1890, declarado o mais antigo do Brasil.
O destaque é a Praia do Cassino, faixa de areia com 254 km de extensão, considerada a maior praia do mundo.

Praia do Cassino e o navio Altair (foto: Eduardo Vessoni)
O mar agitado não convida para banhos, mas quem estiver a bordo de
automóveis 4×4 ou bicicleta pode fazer uma parada na região para cruzar
trechos de praia invadidos pelas águas do mar violento.
Uma das atrações mais interessantes é o Altair, navio que naufragou
na região em 1976. Suas ruínas ainda são engolidas pela areia do mar e
pela ação da corrosão de sua estrutura, o que significa que esta atração
está com os dias contados.
Reserva Ecológica do Taim

Reserva Ecológica do Taim, no Rio Grande do Sul (foto: Eduardo Vessoni)
Essa área preservada de 34 mil hectares fica entre a Lagoa Mirim e o Atlântico, no extremo sul do Brasil.
Declarada importante berçário de aves migratórias, a região é habitat
também de animais como jacaré-de-papo-amarelo, cisne-de-pescoço-preto e
capivaras.
Chuí
A 240 km de Rio Grande, pelas estradas BR 101 e BR 471, é no Chuí que
o motorista começa a se preparar para cruzar a fronteira internacional
entre o Brasil e o Uruguai.
Sem muitas atrações de apelo turístico, o local é ideal para realizar
os trâmites de alfândega e a emissão da Carta Verde (veja procedimentos
mais abaixo).
URUGUAI
Parque Nacional Santa Teresa

Parque Nacional Santa Teresa, no Uruguai (foto: Eduardo Vessoni)
Um dos atrativos deste parque uruguaio é a Fortaleza Santa Teresa,
construção portuguesa de 1762. A atração está localizada no km 303 da
Ruta 9, a 42 km da fronteira brasileira.
Punta del Este

Monumento Los Dedos, na praia Brava, em Punta del Este, no Uruguai (foto: Eduardo Vessoni)
Localizado a 220 km do Chuí, pela Ruta 9, este balneário uruguaio
serve como a primeira parada em território internacional. Para fugir do
agito desta cidade popular entre brasileiros, fuja para a boêmia José
Ignacio, a 45 km dali.
Montevidéu

Montevidéu, capital do Uruguai (foto: Eduardo Vessoni)
A capital uruguaia se encontra a 130 km de Punta, pela Ruta 1, conhecida também como Ruta Interbalnearia.
Colonia del Sacramento

Colonia del Sacramento, um dos cenários históricos mais belos do pequeno Uruguai (foto: Eduardo Vessoni)
Localizada a 180 km de Montevidéu, esta cidade histórica é declarada
Patrimônio da Humanidade, pela Unesco, e possui um compacto centro
histórico capaz de congelar o visitante no tempo.
ARGENTINA
Buenos Aires

Buenos AIres (foto: Nestor Galina/Flickr-Creative Commons)
A travessia de barco entre a uruguaia Colonia e a capital argentina dura 1h15, aproximadamente.
O serviço é oferecido pelas empresas Buquebus e Colonia Express.
Termine então a viagem, em grande estilo, chegando de carro em pleno Puerto Madero, já em Buenos Aires.
Desembarcado, agora é a sua vez de planejar os próximos dias na sempre obrigatória Buenos Aires.
VEJA DICAS
Antes de ir
⇒ Embora o roteiro possa ser feito com qualquer tipo de automóvel,
inclusive os modelos 1.0, não pegue a estrada sem fazer uma revisão
completa da parte mecânica e dos pneus do seu carro;
⇒ Caixa de ferramentas, lanternas e utensílios extras como fita
adesiva facilitam pequenos reparos. Não se esqueça também de itens
obrigatórios como macaco e triângulo;
⇒ Mapas dos destinos a serem visitados, GPS, navegador e rádios (para
motoristas que viajam em grupo) podem ajudar na preparação e
acompanhamento da rota.
⇒ Estabeleça seu roteiro no sentido contrário, começando sempre pelo
último lugar a ser visitado. Dessa forma é possível calcular o tempo
real necessário de ida e volta;
⇒ Países do Mercosul exigem o porte da Carta Verde, um seguro
obrigatório para automóveis brasileiros que circulam pelo Paraguai,
Uruguai e Argentina, cujo valor varia com a duração da viagem. O
documento pode ser emitido em corretoras brasileiras, agências do Banco
do Brasil ou em despachantes e estabelecimentos comerciais do Chuí, na
fronteira com o Uruguai.
⇒ O motorista também deve portar RG ou passaporte válido, comprovante de propriedade do veículo e CNH brasileira;
Durante a viagem
⇒ Prefira os deslocamentos diurnos entre destinos, sobretudo em regiões de terreno acidentado;
⇒ Se estiver acompanhado, faça um revezamento de motoristas a cada
duas horas ou, para quem viaja sozinho, programe paradas breves;
⇒ Cuidados devem ser tomados em trechos críticos da rota como a Régis
Bittencourt (a BR 116 que liga São Paulo a Curitiba); a BR 101, entre a
capital paranaense e Santa Catarina, devido ao excesso de caminhões; e a
BR 471 por conta do alto número de capivaras da Reserva Ecológica do
Taim que cruzam esta rodovia federal.
* fonte: TSO Brasil (www.tsobrasil.com.br)
Fonte:http://viagemempauta.com.br/2017/01/20/confira-dicas-e-roteiros-para-ir-ate-buenos-aires-de-carro/