Considerada a capital nacional do vinho, a cidade de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, recebeu mais de um milhão de turistas no ano passado. O enoturismo é o principal atrativo do destino, mas não a única opção: Bento tem cinco roteiros turísticos muito bem estruturados, que envolvem também história, mesas fartas e a vida no campo. Muito mais do que conhecer vinícolas e provar vinhos, visitar essa parte da Serra Gaúcha é embarcar em uma viagem pelas heranças culturais dos imigrantes que fizeram esse destino ser o que ele é hoje.
Foto por Patrícia Chemin
Vinícolas: passeios e degustações
Uma viagem para Bento Gonçalves tem a seguinte garantia: você vai beber e comer muito bem. Nessa linha, nada é mais icônico do que visitar as vinícolas da região – há dezenas delas para escolher. Entre as de grande porte estão nomes famosos, como Aurora e Salton, esta localizada no Distrito de Tuiuty.
Foto por Patrícia Chemin
Já as vinícolas menores têm investido cada vez mais em experiências únicas. Os proprietários – geralmente membros de uma mesma família – estão diretamente envolvidos no dia a dia da vinícola e fazem questão de receber os visitantes.
No Distrito de Faria Lemos, a Cristofoli proporciona vários tours únicos, como passeios guiados pelos parreirais com degustação de espumantes com vista para a serra. Há também almoços e jantares harmonizados e um romântico piquenique privativo, o único do tipo na Serra Gaúcha, feito em um edredom estendido sob a sombra dos parreirais.
Além de visitar os vinhedos, na Cainelli, vinícola localizada em Tuiuty, é possível fazer jantares harmonizados e cursos de degustação, que acontecem no porão da antiga casa da família, erguida em 1929 com uma estrutura de pedras basálticas. No andar superior, existe um museu que recria como eram as casas da época, com móveis e objetos originais dos primeiros imigrantes da região.
Verão com experiências da vindima
A Serra Gaúcha é sempre lembrada como um destino de inverno, mas a mais importante época do ano para as vinícolas é o verão. Quando as videiras estão carregadas de uvas suculentas, entre os meses de janeiro e março, é a estação da vindima, período de colheita da fruta. Em 2018, a temporada oficial em Bento Gonçalves vai até 18 de março.
Foto por Patrícia Chemin
Tudo começa na Vinícola Cainelli, onde acontece a maior experiência típica. Equipados com chapéus e cestos de palha, os visitantes seguem para o parreiral para a colheita das uvas, que é acompanhada por um grupo que entoa e toca as antigas canções italianas da época dos colonos. Depois, parada para um saboroso “merendin” entre as videiras, um lanche tradicional reforçado com polenta, salame, queijo, pão, torta tirolesa e, é claro, vinho e suco de uva.
Foto por Patrícia Chemin
Guarde um espaço para o almoço típico italiano na Cristofoli, servido em meio às antigas pipas de vinho. O menu completo, que envolve ingredientes da região e pratos como massa fresca e polenta mole, é acompanhado por vinhos e espumantes da vinícola.
Um passeio pelo Vale dos Vinhedos
A maior parte das vinícolas de Bento Gonçalves está no Vale dos Vinhedos, que guarda 70 km² de belas paisagens de extensos parreirais. Os vinhos produzidos por lá são os únicos no Brasil com a Denominação de Origem, que conferem a identidade do local e a excelência de seu terroir.
Nessa rota turística, há mais de 30 vinícolas, além de pequenas propriedades rurais e familiares, restaurantes de culinária típica – como o Giordani Gastronomia Cultural –, pousadas, hotéis e lojas de artesanato e de delícias como queijos e doces. É só seguir a estrada e fazer paradas em cada empreendimento.
Foto por Patrícia Chemin
Foto por Patrícia Chemin
Vinho e nostalgia sobre trilhos
Mais conhecida como “trem do vinho”, a Maria Fumaça da Serra Gaúcha é uma das atrações mais queridas e populares da região. Os passageiros embarcam em um nostálgico passeio por lindas paisagens ao longo de 23 km entre Bento Gonçalves e as cidades vizinhas de Garibaldi e Carlos Barbosa. Em cada estação, é feita uma parada para tomar vinho e suco de uva, ao som de música italiana.
Foto por Divulgação / ALESI DITADI
Foto por ALESI DITADI
Herança italiana nos Caminhos de Pedra
De 1875 a 1914, o Rio Grande do Sul recebeu cerca de 80 mil italianos, que receberam do governo lotes na serra. Com recursos escassos, os primeiros imigrantes tiveram que construir suas casas com as pedras basálticas encontradas na região. As paredes foram erguidas apenas com as pedras encaixadas, sem cimento ou algo do tipo.
Foto por Patrícia Chemin
Foto por iStock / Samuel Azambuja Kochhan
Uma das casas de pedra mais antigas do roteiro é a da Cantina Strapazzon, pequena vinícola que oferece um tour com degustação de vinhos e produtos coloniais. Original de 1880, a casa foi cenário para várias produções da TV e do cinema, como o premiado filme brasileiro “O Quatrilho”.
Foto por Patrícia Chemin
Para o almoço, não faltam opções. A gastronomia da região de Bento Gonçalves se baseia em refeições muito bem servidas, com fortes influências da cozinha italiana. Pratos típicos incluem sopa de capeletti, tortéi (massa com recheio de abóbora) e outras massas frescas, galeto assado na brasa, polenta mole e, de sobremesa, sagu de vinho.
Foto por Patrícia Chemin
Como chegar
O Aeroporto de Porto Alegre recebe voos regulares de várias cidades brasileiras, principalmente do Sul e do Sudeste. Depois, siga de carro ou ônibus até Bento Gonçalves, um trajeto de 115 km.
Onde ficar
Hotel Vinocap
Hotel & Spa do Vinho
Hotel Laghetto Viverone Bento
Onde comer
Cobo Wine Bar
Casa Ângelo – Estr. p/ São Pedro, 26, Caminhos de Pedra
Casa DiPaolo
Giordani Gastronomia Cultural
Mais informações em: bento.tur.br e giordaniturismo.com.br
Texto por: Patrícia Chemin. A jornalista viajou a convite do Grupo Giordani Turismo.
Foto destaque por: EMERSON RIBEIRO